Era uma quinta-feira igual a tantas outras: ginásio de manhã (mas tive de cancelar porque os gémeos já não foram à escolinha), à tarde reunião com a Directora de Turma do Quévin.
Já se falava há algum tempo do tal Coronavirus, mas os portugueses foram tranquilizados pela directora-geral de saúde, que afirmou que esse tal “Covid-19 difícilmente chegaria a Portugal”. Mas chegou, e chegou 1 mês e pouco depois destas declarações proferidas pela srª Graça Freitas.
Adiante, nessa quinta-feira, 12 de Março, já se falava na comunicação social que muito provavelmente o Primeiro-Ministro, António Costa, iria encerrar todos os estabelecimentos de ensino por forma a travar a proliferação do vírus. Então optámos por não levar os gémeos e o Quévin só foi ao Colégio porque tínhamos reunião com a Professora.
Sexta-feira, 13 de Março, o Primeiro-Ministro ordena a que se encerrem todos os estabelecimentos de ensino a partir do dia 16 de Março, segunda-feira. E já foi um pouco tarde demais… Já haviam 331 casos confirmados por infecção de Covid-19 e registou-se a primeira morte resultante desta infecção. O número de cadeias de transmissão tinha subido de 14 para 18.
O director-geral da Organização Mundial de Saúde, em conferência de imprensa, afirmou que a epidemia de Covid-19 atingiu o nível de pandemia porque, na altura, a 11 de Março, havia um número de 118 mil casos de infecção em 114 países e mais de quatro mil mortes.
E nesta altura ainda não se sabia a gravidade da situação em Itália e Espanha. Ontem, os dados em Itália apontavam para mais de 115 mil pessoas infectadas e 14.681 mortos. Em Espanha, ultrapassam os 117 mil casos de pessoas infectadas e 10.395 mortos.
Ontem, 3 de Abril, em Portugal, tínhamos 9886 casos confirmados e 246 mortes por Covid-19.
A realidade europeia é bem diferente da realidade que se vive, ou viveu, onde tudo começou. A China lançou os seus relatórios e dificilmente alguém acredita que o vírus matou pouco mais de três mil pessoas em território chinês. Todos sabemos como é que se vive na China, ou pelo menos desconfiamos do que passa para o outro lado mundo.
Neste momento, há já quem fale de um número que rodará as 45 mil urnas distribuídas só pela cidade de Wuhan, onde o vírus iniciou a sua viagem. Todas estas suspeitas servem para alimentar a tese de que a China ocultou a verdadeira dimensão desta crise.
Em Wuhan, segundo os dados oficiais, dos cerca de 11 milhões de habitantes da cidade, 50 mil terão ficado infetados e mais de 2.535 resultaram em mortes. Acreditam?
E do outro lado oposto do mundo, nos Estados Unidos, onde o líder do país deveria ser o primeiro a defender os seus cidadãos, nada disso se verificou. O país atravessa a sua pior crise que não há memória. Donald Trump não aprendeu com a Europa nem com a China e descurou o nível de pandemia. Hoje, os dados apontavam para mais de 6 mil mortes e mais de 245 mil infectados.
(continua)